terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Crônica - AGORA OS DIMINUTIVOS DÃO MEDO

Para alguns ele era o protetor, para outros o malfeitor. Choraram por ele. E brigavam pelo lugar dele. Podia se ouvir. “Coitado, agora nos estamos sem proteção, nosso bairro era tranqüilo, ele não deixa que ninguém roubasse nossas casas”. “Agora a briga de gangues vai começar, para ver quem vai mandar”.
F$%#@#$, mais conhecido como &¨%*%inho, era o um dos traficantes mais conhecidos e temidos da região. Mantinha casa, família e amigos em diversos bairros do município. Morreu, assim como todos, que entram para vida do crime. Levou vários tiros, nos braços, tronco e por fim na cabeça, tudo isso, dentro de uma escola estadual do bairro, no meio da quadra de esportes. Momentos de aflição, e muita gritaria. O medo se apossou população quanto souberam da notícia. Alunos saindo correndo. Toque de recolher. E principalmente o luto obrigatório. “Comparsas” do traficante obrigaram a comunidade da região a fecharem o comercio local em sinal de luto pela morte do “chefe”, a polícia nega tal afirmação, mas foi assim que aconteceu.
“*&¨%$inho”, tinha seu lado “político”. Dia das crianças e natal, distribuía presentes, balas e agrados para as crianças. Fora das datas, matava, roubava e traficava como se fosse brincadeira de criança. Segundo a população ele não deixava que roubassem nos bairros de seu domínio. Não pense que isso era por bondade ou proteção dos moradores. Ele não queria a polícia por perto, para atrapalhar todo seu “esquema”.
Deixou filhos e “lacaios” que com certeza perpetuaram o seu “reinado”, além da incessante busca pelo mandante de sua morte.
Vivemos em função. Vivemos com medo, de pessoas; humanos iguais a nós. E com o medo alimentamos, os “%¨&*#inhos”, “&*%#@inhas”, “%$#@$inhos”, “&¨%#@inhos”, “%$#@zinhos”, “%$#@uinhos” e “%¨&$#inhos”, “os malucos”, que um dia já tiveram medo e até quem sabe, opção. Mas agora metem medo e não dão escolha. Numa sociedade que é cega, impiedosa e hipócrita. Agora os diminutivos dão medo.